Calor extremo, inundações por chuvas, incêndios devastadores e secas debilitantes estão entre os eventos extremos que, cada vez mais frequentes, têm gerado impactos na saúde das populações, na economia e o no meio ambiente. Em podcast para o blog do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz Antonio Ivo de Carvalho, o pesquisador Carlos Machado, coordenador do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde da Fiocruz (Cepedes) explica como e por que os eventos climáticos se tornam desastres e como podemos reduzir esses impactos no curto, médio e longo prazo.
De acordo com Carlos, a variabilidade climática faz parte da história do planeta e da humanidade, mas, desde o surgimento da agricultura, essas variações climáticas foram se tornando mais importantes. “A elevação da temperatura observada hojeé algo completamente diferente do que conhecíamos até então. Isso resulta em mudanças muito rápidas e bruscas, podendo ocasionar uma série de desastres”, alertou.
O aumento da frequência de eventos extremos, como falta de água, excesso de chuvas, furacões e tufões, explica o pesquisador, decorrente das mudanças climáticas, constitui emergências climáticas e pode afetar ainda mais as condições de vida e saúde das populações. E Por isso, as mudanças climáticas do ponto de vista da saúde publica devem ser tratadas como emergência climática.
Como observa Carlos Machado, a ação direta do homem, e o tipo de sociedade industrial estabelecida têm sido determinantes nas alterações do clima. “Nossa sociedade industrial ainda é absolutamente dependente dos combustíveis fósseis e não quer abrir mão disso, o que resulta em emissões de dióxido de carbono e aumento da variabilidade climática, assim como, a elevação da temperatura do planeta”, destaca.
Carlos Machado observa, ainda, que há outras possibilidades de geração de energia nas quais é possível apostar. “O Brasil tem potencial enorme para avançar nisso, e avançou muito pouco. Dispõe de energia eólica em abundância, de energia gerada por recursos hídricos, também em abundância, e que poderiam ser largamente utilizadas, além de outras possibilidades”, considera.
Em situação de emergência climática e seu impacto sobre a saúde, conforme destaca o pesquisador, é preciso pensar em estratégias de prevenção, mitigação e resposta. “Além da mudança da nossa matriz energética, redução de desmatamento e das queimadas”, propõe. “No médio e longo prazo, pensar em estratégias de reconstrução dos nossos modos de vida, nas cidades campos e florestas; pensar em processos de reflorestamento, na mudança da nossa forma de organizar a agricultura intensiva, em reduzir a concentração da população em grandes centros urbanos. Além, dos processos de cuidado com a água, não apenas pela falta d'água, mas pela poluição ambiental e pela falta de saneamento”, conclui.