Artigo publicado no site da revista Nature, do dia 23 de janeiro, anuncia que, em medida sem precedentes, foram suspensas pelo governo Trump as revisões de concessões de pesquisa, viagens e treinamentos para cientistas do National Institutes of Health (NIH), agência governamental dos EUA e a maior entidade de financiamento público de pesquisa biomédica do mundo. A decisão tem gerado grande preocupação na comunidade científica, já que sem as revisões, suspensas indefinidamente, o NIH não pode liberar fundos de pesquisa, afetando 80% de seu orçamento de US$ 47 bilhões.
De acordo com pesquisadores ouvidos pela Nature, como Carole LaBonne, bióloga do desenvolvimento na Northwestern University em Evanston, Illinois, que recebeu financiamento da agência por mais de 20 anos, a incerteza causada pela pausa será “devastadora para a comunidade científica”, particularmente para pesquisadores em início de carreira.
A suspensão das reuniões e viagens faz parte de determinação do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS), de 21 de janeiro, que inclui uma pausa nas comunicações externas pelo menos até dia 1º de fevereiro, cancelando comunicações em massa e aparições públicas “não urgentes”. O texto explica que, embora pausas curtas tenham ocorrido anteriormente com a mudança de administrações, a extensão dessa pausa é inédita.
Conforme ainda aponta a Nature, a pausa nas comunicações também abrange as agências irmãs do NIH, incluindo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, que ajudam a proteger a saúde das pessoas nos Estados Unidos. Como exemplo do impacto negativo dessas iniciativas, o texto informa que o CDC não havia publicada seu resumo semanal de estatísticas e pesquisas sobre doenças, chamado Morbidity and Mortality Weekly Report — no qual cientistas e profissionais de saúde do mundo todo confiam — pela primeira vez em mais de 60 anos. Três relatórios sobre o surto emergente de gripe aviária H5N1 deveriam ter sido publicados na edição daquela semana, de acordo com o The Washington Post.
O artigo denuncia, ainda, que foram apagadas páginas inteiras do site do NIH, relacionadas a programas e iniciativas que visavam combater o racismo estrutural e ampliar a diversidade da força de trabalho científica.
Acesse a íntegra do artigo da Nature.